Segundo Henri Tajfel, os processos cognitivos de categorização e julgamento sociais, subjacentes aos fenómenos de preconceito e discriminação, não são exclusivos de pensamentos «anormais», antes se encontram em processos de pensamento muito comuns.
Henri Tajfel, que ficou conhecido na área da psicologia social, nomeadamente, pela criação, em conjunto com o seu discípulo John Turner, da Teoria da Identidade Social, de origem judaica, combateu no exército francês contra os alemães (dos quais ficou prisioneiro) durante a II Guerra Mundial, viu toda a sua família e alguns dos seus amigos sucumbirem às mãos do extermínio nazi. Estes acontecimentos, profundamente traumatizantes, levaram-no a abandonar a sua formação inicial em química e a enveredar pela área da psicologia, para tentar perceber os mecanismos que levam o ser humano a discriminar.
As suas investigações conduziram-no à conclusão de que essa tendência residia em cada um de nós, num primitivo cérebro tribal que, para defender o clã, projetava em qualquer outro, que dele se diferenciasse, um alvo a abater. Assim, defende Henri Tajfel, basta a introdução da categoria «nós-eles», ainda que baseada em critérios superficiais e, à primeira vista, inócuos (por exemplo: «olhos azuis/olhos castanhos»; «baixos/altos»; etc), para que os elementos de cada grupo comecem a favorecer-se, em detrimento do outro, originando um efeito de discriminação.
O que aprender com isto? Que a discriminação é um determinismo biológico que se abate inelutavelmente sobre a natureza humana e dele não podemos libertar-nos?
Nós acreditamos que não: se temos um cérebro primitivo e tribal, que nos leva a ações menos dignas, também temos um cérebro que, através da educação, do conhecimento e da cultura, nos permite distinguir o bem do mal, desenvolver a empatia e construir o sonho de um mundo melhor.
Por isso, aqui deixamos este nosso DEVER DE MEMÓRIA pelos que foram, pelos que amanhã seremos.