A visita foi conduzida pelo senhor Dácio, que teve a amabilidade de, não só nos descrever e expor o funcionamento do moinho como, também, de exemplificar todo o processo de moagem. O diálogo foi frutuoso, com os nossos alunos a questionarem o anfitrião e este, em perfeita sintonia com a curiosidade dos neófitos, a dar largas ao seu conhecimento e às suas recordações de tempos idos que tão valiosas se revelaram para o conhecimento dos usos, tradições e costumes do nosso povo. Não faltaram as referências às “pias”, cavadas pela erosão no granito do Bestança, como à sua suposta utilização pelos primeiros povoadores pré-românicos das serranias do nosso concelho.
Com o alongar da conversa, ficámos igualmente a conhecer o processo ancestral de troca e cobrança da maquia pelo moleiro. A utilização de cada tipo de milho obedecia a um critério, de acordo com a utilização que lhe seria dada.
Assim, para as painças é melhor o milho redondo e duro, tradicional destas bandas, e para o pão o milho híbrido, que é mais mole e “dá menos trabalho a picar as mós” e acrescenta, em jeito de justificação: “nem tudo o que é novo é mau”. Curiosamente, também ficámos a saber que as galinhas preferem o milho tradicional e que não será por serem conservadoras das tradições, mas, sim, por herdarem a genética de quem sempre comeu grãos redondos.
Com o desenvolvimento desta atividade, pretendeu-se sensibilizar os nossos alunos para a importância do pão e das tradições que lhe são inerentes, assim como a sua importância para a alimentação tradicional dos residentes deste concelho, com fortes tradições no cultivo e processamento dos cereais.