sábado, 04 dezembro 2021 15:02

Dia 6: No reino da Macedónia

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Eu achava que já tinha visto coisas maravilhosas aqui na Grécia e que nada mais me poderia surpreender nesta região norte, mas estava redondamente enganada! Os Túmulos da Macedónia superaram tudo!

Talvez porque fui sem grande expectativas relativamente ao que ia encontrar, fiquei totalmente surpreendida. Boquiaberta é a palavra certa. Emocionada também. Dei por mim a questionar-me se estava mesmo a ver aquilo que estava à minha frente e que só tinha visto nos filmes do Indiana Jones. Senti-me verdadeiramente privilegiada por estar a contemplar, ao vivo e a cores, algo verdadeiramente único.

Tivemos também a imensa sorte de ter como guia um verdadeiro contador de histórias, o Dimitrios, um conhecedor profundo deste território sagrado, capaz de nos envolver na sua narrativa, com a sua forma única de contar os factos. Soube guiar-nos verdadeiramente neste percurso extraordinário que foi a visita aos túmulos de Filipe II e de uma das suas mulheres. Ao que parece, Filipe II teve, pelo menos, sete mulheres, mas uma delas amava-o tanto que, quando ele foi assassinado, suicidou-se, bebendo veneno, pois queria acompanhá-lo para a outra vida, para ficarem juntos para toda a eternidade. Todas as culturas têm o seu Romeu e Julieta e os gregos não são exceção!

Foi impressionante ver a entrada dos túmulos e todos os objetos que ali foram encontrados, tais como armas, armaduras, arcos, tecidos em ouro ou joalharia. Foi incrível ver os painéis de frescos com as cores relativamente bem preservadas. É simplesmente inacreditável como é que resistiram à passagem do tempo! Vimos esculturas minúsculas, mas que com os seus pormenores transmitem tanta emoção! E as coroas dos reis com todos os detalhes em ouro!!! Foi avassalador! Quando, na última paragem, o guia mostrou a simples mas bela imagem de uma mulher que se assemelhava à Virgem Maria e enumerou as características de uma mãe, que o artista quis eternizar numa pintura, comovi-me. Talvez porque as saudades de casa e dos meus filhos já são muitas e, ao mesmo tempo, porque senti-me verdadeiramente abençoada por ter estado aqui, por ter tido vivido esta experiência.

Depois de recuperar o fôlego, seguimos para a vila de Methoni, mesmo à beira do Mar Mediterrâneo, onde pudemos comer peixe, finalmente! Foi um momento de agradável convívio entre professores e alunos. Aliás, apesar do pouco tempo que passámos juntos, estes dias têm sido intensos e criámos laços que espero  perdurarem no tempo.

De tarde, fizemos um workshop sobre storytelling. Ouvimos histórias gregas contadas ao som do bouzoki; fizemos jogos sobre mitologia grega; representámos parte do Mito da Europa. O resultado foi mais um momento de intensa partilha.

O dia terminou com uma festa na praça de Kolindros, com todos os alunos, professores, pais de alunos gregos e membros da comunidade local a celebrarem connosco. Houve churrasco à boa maneira grega; houve danças de todos os países envolvidos no projeto; muitas fotografias para eternizar memórias; um bolo e até houve fogo-de-artifício! Kolindros vai ficar para sempre gravada no nosso coração! Amanhã é o último dia e antevejo uma despedida sentida e difícil.

Grécia, 3 de dezembro de 2021

Elisabete Francisco

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