Talvez porque fui sem grande expectativas relativamente ao que ia encontrar, fiquei totalmente surpreendida. Boquiaberta é a palavra certa. Emocionada também. Dei por mim a questionar-me se estava mesmo a ver aquilo que estava à minha frente e que só tinha visto nos filmes do Indiana Jones. Senti-me verdadeiramente privilegiada por estar a contemplar, ao vivo e a cores, algo verdadeiramente único.
Tivemos também a imensa sorte de ter como guia um verdadeiro contador de histórias, o Dimitrios, um conhecedor profundo deste território sagrado, capaz de nos envolver na sua narrativa, com a sua forma única de contar os factos. Soube guiar-nos verdadeiramente neste percurso extraordinário que foi a visita aos túmulos de Filipe II e de uma das suas mulheres. Ao que parece, Filipe II teve, pelo menos, sete mulheres, mas uma delas amava-o tanto que, quando ele foi assassinado, suicidou-se, bebendo veneno, pois queria acompanhá-lo para a outra vida, para ficarem juntos para toda a eternidade. Todas as culturas têm o seu Romeu e Julieta e os gregos não são exceção!
Foi impressionante ver a entrada dos túmulos e todos os objetos que ali foram encontrados, tais como armas, armaduras, arcos, tecidos em ouro ou joalharia. Foi incrível ver os painéis de frescos com as cores relativamente bem preservadas. É simplesmente inacreditável como é que resistiram à passagem do tempo! Vimos esculturas minúsculas, mas que com os seus pormenores transmitem tanta emoção! E as coroas dos reis com todos os detalhes em ouro!!! Foi avassalador! Quando, na última paragem, o guia mostrou a simples mas bela imagem de uma mulher que se assemelhava à Virgem Maria e enumerou as características de uma mãe, que o artista quis eternizar numa pintura, comovi-me. Talvez porque as saudades de casa e dos meus filhos já são muitas e, ao mesmo tempo, porque senti-me verdadeiramente abençoada por ter estado aqui, por ter tido vivido esta experiência.
Depois de recuperar o fôlego, seguimos para a vila de Methoni, mesmo à beira do Mar Mediterrâneo, onde pudemos comer peixe, finalmente! Foi um momento de agradável convívio entre professores e alunos. Aliás, apesar do pouco tempo que passámos juntos, estes dias têm sido intensos e criámos laços que espero perdurarem no tempo.
De tarde, fizemos um workshop sobre storytelling. Ouvimos histórias gregas contadas ao som do bouzoki; fizemos jogos sobre mitologia grega; representámos parte do Mito da Europa. O resultado foi mais um momento de intensa partilha.
O dia terminou com uma festa na praça de Kolindros, com todos os alunos, professores, pais de alunos gregos e membros da comunidade local a celebrarem connosco. Houve churrasco à boa maneira grega; houve danças de todos os países envolvidos no projeto; muitas fotografias para eternizar memórias; um bolo e até houve fogo-de-artifício! Kolindros vai ficar para sempre gravada no nosso coração! Amanhã é o último dia e antevejo uma despedida sentida e difícil.
Grécia, 3 de dezembro de 2021
Elisabete Francisco