quarta-feira, 01 dezembro 2021 16:57

Na casa dos Deuses

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Grécia, 30 de novembro de 2021

O dia começou cedo, antes do nascer do sol, pois hoje foi dia de visita de estudo. Quase uma hora de viagem, que valeu bem cada minuto dentro do autocarro, pois visitar a morada dos deuses do Olimpo é coisa excecional! O autocarro levou-nos a Litochoro, uma cidade localizada no sopé do Monte Olimpo que, dada a proximidade com esta montanha mítica, é conhecida como a cidade dos Deuses. Ali fomos calorosamente recebidos pelo simpático Mikos, o nosso guia de montanha, que só peca por não falar inglês! Foi a professora Crissa que traduziu as histórias que Mikos ia contando sobre a montanha. Com 2917 metros de altitude, esta é a montanha mais alta da Grécia e considerada a casa dos doze deuses do Olimpo. Facto ou mitologia, a verdade é que este sítio é verdadeiramente abençoado dada a diversidade da fauna que existe neste lugar. Das mais de 1700 plantas que aqui crescem, algumas são muito raras ou só existem mesmo aqui!

Fizemos um pequena caminhada ao longo do rio Enipeas e sentimos a força e grandiosidade da montanha, coberta pelos tons quentes do outono. Para compreendermos melhor a importância do Monte Olimpo, visitámos o Centro Informativo, cujos funcionários se autointitulam guardiões desta montanha. O centro é essencialmente uma exposição de fotografias que contam a história do Monte Olimpo. Foi aqui que fiquei a saber que esta montanha foi escalada pela primeira vez em 1913 e que o Monte Olimpo foi o primeiro Parque Nacional da Grécia, tendo sido criado em 1938. Aqui ouvimos mais alguns mitos relacionados com esta montanha, não fosse o tema desta mobilidade “Conta-me a tua história!” Fiquei encantada com as fotos dos animais e agradavelmente surpresa ao ver que no Monte Olimpo crescem plantas que também existem na nossa Serra de Montemuro, como as orquídeas selvagens ou as delicadas “merendinhas”! A nossa serra, não sendo tão alta como o Monte Olimpo, é igualmente bonita e mágica. Aliás, esta manhã, comentei com os nossos alunos que, sempre que saio de Portugal, consigo ver o nosso país com uma outra lente e percebo o tanto que nós temos de belo!

Foi no Centro Informativo que vimos uma imagem de um antigo mosteiro, construído em 1542, a 850 metros de altitude, por São Dionysios. O mosteiro acabou por ser destruído pelos alemães, durante a Segunda Guerra Mundial, e os monges deslocaram-se para um outro mosteiro, a cerca de 5km dali, mosteiro esse que pudemos visitar esta manhã. Foi mais uma oportunidade para ouvirmos histórias relacionadas com a cultura grega, desta feita de cariz religioso. Os monges são adeptos da clausura e pouco dados a contactos com o exterior. À entrada do mosteiro, um aviso dirigido às mulheres: “Entre com roupas decentes”. Foi-nos explicado que as mulheres não devem entrar com saias curtas ou calças muito justas, para não perturbarem os castos monges e há até um depósito com vestes que as mulheres devem colocar por cima da sua roupa, caso não tragam roupas apropriadas para a visita. O local é simples e bonito. Ali visitámos um pequeno museu, onde vimos algumas pinturas, sobretudo imagens de santos e manuscritos que existiam no antigo mosteiro. Tive oportunidade de entender um pouco sobre a igreja ortodoxa grega e perceber as diferenças e as semelhanças. Apesar da minha parca ligação à religião, da lojinha de recordações do mosteiro, trouxe um terço ortodoxo, muito bonito. Crente ou não, os lugares espirituais têm sempre um enorme impacto em mim e transmitem-me calma.

O dia terminou com um agradável jantar num restaurante local e o melhor do dia foi ver os nossos alunos a interagirem com os colegas dos diferentes países, cada vez mais desinibidos, confiantes e fluentes em língua inglesa, um dos grandes objetivos deste projeto Erasmus!

Elisabete Francisco

Lido 681 vezes Modificado em quarta-feira, 01 dezembro 2021 17:14